ECOCARDIOGRAFIA NA CARDIOTOXICIDADE MIOCÁRDICA
Estima-se que a incidência de câncer no Brasil seja de 600 mil casos/ano. Desde 2005 a taxa de sobrevida superou a de mortalidade, o que levou a um aumento no número de sobreviventes expostos ao risco de cardiotoxicidade (CTX).
Cardiotoxicidade é toda e qualquer alteração estrutural ou funcional do coração e circulação, seja na vigência ou no pós-tratamento imediato ou tardio do câncer, considerando como agentes agressores a QT, a RT ou a própria doença.
A ecocardiografia consolidou-se como a base do monitoramento da CTX por meio da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) por ser um método amplamente disponível, custo-efetivo e inofensivo, podendo ser repetido inúmeras vezes, além de fornecer outras informações anatômicas e funcionais.
Alguns parâmetros a serem avaliados ao ecocardiograma são:
· Fração de ejeção por Simpson. A queda da FEVE reflete um marcador de dano miocárdico tardio, com pior prognóstico e menor possibilidade de recuperação, apesar da intervenção com medicamentos cardioprotetores. Identifica-se a CTX quando ocorre queda da FEVE >10% em relação aos valores pré-tratamento, para menos de 50%.
· Onda S' no Doppler tecidual e deslocamento do anel mitral (MAPSE).
· Strain miocárdico. Permite a detecção precoce, ainda na forma subclínica, da disfunção causada pelos antineoplásicos, especialmente os antracíclicos e o transtuzumabe.
· Redução maior que 15% do Strain sistólico global do VE imediatamente após ou durante a QT mostrou-se o parâmetro mais útil em predizer CTX.
· Redução de 10 a 15% do Strain sistólico global do VE em relação ao valor basal foi importante preditor para o declínio da FEVE.
Fiquem atentos! Pacientes em tratamento oncológico merecem acompanhamento ecocardiográfico!
Fonte: POSICIONAMENTO BRASILEIRO SOBRE O USO DE MULTIMODALIDADE DE IMAGENS NA CARDIO-ONCOLOGIA - 2021
